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Neste Domingo terminou o Festival de Cinema de Cannes com a entrega dos prémios. O grande vencedor da noite foi o filme francês “Entre les murs”… mas já lá vamos.
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Na noite de abertura foi exibido em estreia internacional o último filme de Fernando Meirelles “Blindness” baseado na obra de José Saramago “Ensaio sobre a Cegueira”. Com estreia prevista para o Outono deste ano há já algum tempo que venho acompanhando o diário de bordo do realizador, sendo óbvia a minha grande expectativa relativamente à forma como Fernando Meirelles conseguir passar para película aquele que é um dos meus romances preferidos. A julgar pelo que foi escrevendo no seu diário de filmagens (cuja leitura aconselho vivamente, principalmente para os cinéfilos) terá sido uma tarefa simultaneamente esgotante e enriquecedora.
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Voltemos: tido como o grande vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2008, o filme francês “Entre les murs” é aqui destacado no LdP por três razões essencias: 1. pela temática que encerra; 2. por me fazer recordar outro grande filme francês “Les Choristes”; 3. porque sim.
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Aproveito texto brasileiro (acordo ortográfico oblige) da AFP:
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O realizador Cantet ficou conhecido em 1999 com “Recursos Humanos” (“Ressources Humaines”), dolorosa crônica ambientada em uma fábrica em crise, antes de confirmar seu talento para o cinema com “A Agenda” (“L’emploi du temps”, 2001) e “Em Direção ao Sul” (“Vers le sud”, 2005), protagonizado por Charlotte Rampling.
Em seu quarto longa, adaptação do romance homônimo do jovem jornalista e professor François Bégaudeau, o diretor acompanha o cotidiano de um instituto de ensino misto de Paris, principalmente um professor de francês e seus alunos de 14 e 15 anos ao longo de um ano escolar.
O exterior da escola, a rua, só é mostrada por instantes no começo do filme quando o professor chega ao colégio no primeiro dia de aula. O restante da ação transcorre entre as quatro paredes do establecimento.
O diretor mantém em tensão constante o espectador, com sua forma de mostrar a relação intensa de todos os dias entre docentes submetidos a um desgaste permanente e adolescentes de todos as origens e cores, incansáveis, ternos, divertidos, violentos ao mesmo tempo. Em uma palavra, esgotantes.
Ao longo de um ano, Cantet trabalhou todas as quarta-feiras em oficina com alunos do instituto Françoise Dolto de Paris e pouco a pouco foi configurando o grupo que participou da rodagem, realizada com três câmaras que filmaram em plano muito próximo durante um verão de férias escolares.
O autor, François Bégaudeau, que recolheu em seu livro sua própria experiência docente, e que é um rosto conhecido na televisão por suas resenhas literárias e críticas de cinema, retoma com grande naturalidade seu próprio papel de professor apaixonado pelo trabalho, que se vê superado por algumas situações.
Em frente, esse apaixonante microcosmo que é a classe – todos os alunos são formidáveis -, reflete muito bem a realidade social francesa, multicolorida. “Tentamos evitar a ideologia, mostrar a escola tal como é, não como a queríamos”, insistiu Cantet.
“Entre les murs” diverge, assim, dos filmes dedicados ao universo do ensino desde “A sociedade dos poetas mortos” a “Ça commence aujourd’hui” (Está começando hoje), de Bertrand Tavernier, passando pelo documentário “Être et Avoir”, Ser e Ter de Nicolas Philibert.
O filme foi o último selecionado pela equipe de Thierry Frémaux, comentou à AFP o próprio diretor. “Tinham medo de que resultasse demasiado francês”, disse Cantet. Agora, foi coroado pelo júri.
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Tendo como base o filme “Les Choristes” consegui, este ano lectivo, levar a cabo 2/3 aulas muito interessantes. Tentarei assistir ao filme “Entre les murs” tão cedo quanto possível para ver o que dele posso extrair e trabalhar com os meus alunos.
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